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Um pouco da história do Jardim Sulacap

Por Emilson Moreira dos Santos

Não é qualquer história para qualquer lugar e comunidade, nem para seguir qualquer direção. É a história do Jardim Sulacap! É para ajudar a conhecer quem somos, despertar o senso de comunidade, sentir que podemos sempre melhorar o lugar onde vivemos, sentir que podemos influenciar o contexto a nossa volta, como também é a coisa certa a fazer.  

Vamos começar a nossa história nos anos de 1930, antes da construção do bairro. Reflita, curta e mova-se! Boa viagem!

O último resquício da Fazenda dos Afonsos, o belo sertão carioca defendido como “Patrimônio Nacional”

A Fazenda dos Afonsos, como era conhecido o lugar, abrigava vários sítios dos pequenos lavradores. Na época, o mercado imobiliário consumia as terras do sertão carioca e os moradores sofriam ameaças de despejo. Eles diziam que a terra era da União.

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Magalhães Corrêa, conservacionista, jornalista e escritor do Livro Sertão Carioca, defendeu que a parte onde fica hoje o Jardim Sulacap era "Patrimônio Nacional" e teria que ser elevada à categoria de Parque Nacional.

Por sua relevância ecológica e beleza singular, a zona rural dos Afonsos era um dos pontos turísticos da cidade. O lugar fazia parte do Circuito Turístico n° 8 "para fins turísticos" (Decreto n° 6000 de 01/07/1937).

Transição da zona rural dos Afonsos para modelo urbano bairro-jardim

A urbanização estava chegando à região. Até a véspera do início da obra do Jardim Sulacap, as casas rústicas dos pequenos agricultores, as plantações, entre outras coisas do campo faziam parte da paisagem do lugar.

Do outro lado da Estrada, os quarteis da Aeronáutica e da Polícia Militar. A Construção do bairro atenderia a demanda de casas para os militares.

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Família, anos 40, onde hoje fica a Praça Quincas Borba.

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Todo o processo de criação do Jardim Sulacap começou em 1944, quando foi adquirida pela empresa Sulacap uma área de 600 hectares das mãos de Raul Miranda Santos.

O Jardim Sulacap nasceu em 25/1/1945 com o registro do projeto. Com os projetos aprovados de alinhamento n° 5.677 e n° 16.199 em mãos, a empresa Sulacap previa tornar o último resquício da Fazenda dos Afonsos em um bairro estritamente residencial com 69 logradouros (45 ruas, 21 praças, parques e jardins).

Em abril de 1947, o relatório da empresa Sulacap informava que técnicos renomados fariam surgir um modelo de bairro-jardim na região. Engenharia, arquitetura e a natureza em um diálogo amigável. No Rio, não era comum existir um projeto que proporcionasse um ponto de equilíbrio entre ocupação urbana, respeito ao meio ambiente e foco nas pessoas.

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Visita do fundador da empresa Sulacap, Antonio Sanchez, em 1947.

“Plano urbanístico cuidadoso” e a primeira associação de moradores para cuidar do bairro

Nos anos de 1950, as casas rústicas dos lavradores, em sua grande a maioria, saíram de cena, substituídas pelas casas modernistas, que atendiam padrões estéticos sugeridos e seguiam restrições arquitetônicas estabelecidas pela empresa Sulacap. Elas eram construídas com “48 fachadas diferentes, alegres, sólidas, bem arejadas”, para oferecer o máximo de conforto dentro do limite de seu preço. 

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O que chamou atenção do Ministério da Aeronáutica para proporcionar aos oficiais e suboficiais residências próximas do local de trabalho foi o “plano urbanístico cuidadoso” com requisitos indispensáveis como água, luz, esgoto e mais condições de conforto e bem-estar (Correio da Manhã, 26/07/1955).

A partir do coração do bairro (Praça Mário Saraiva) a região começou agregar uma ocupação diversificada em uso, contemplando moradias horizontais, verticais, comércio, serviço, espaços comuns para lazer e harmonizado e integrado com áreas verdes. Assim, hoje, o centro do bairro contribui para minimizar deslocamentos e proporciona qualidade de vida aos moradores e visitantes. Além da perspectiva formada pela natureza ao redor, a riqueza de praças ao alcance de uma caminhada.

Em 15/5/1958, foi fundada a Associação dos Amigos do Jardim Sulacap, tendo como primeiro presidente o advogado Jairo Mello Mendonça. Deste modo, alguns moradores começaram a trabalhar juntos para tratar das questões de interesse comum. Porém, quatro anos antes, tinha sido fundada a Associação Atlética Jardim Sulacap para proporcionar educação física e diversões de caráter esportivo, cultura, social e artística.

Foi assim que os sulacapenses

passaram logo a absorver a urbanidade sustentável como estilo de vida, conectada com as áreas verdes, menos estressante, alegre e mais gratificante e não como modismo de uma época.

Jardim Sulacap é “ponto de referência na Guanabara”, um dos bairros “mais simpáticos, mais acolhedores e progressistas”. Um lugar para “viver, morar e conviver”

O movimento de associações de moradores no bairro tem mais de 60 anos. Mudando de nome e local, o intuito sempre foi tornar o bairro melhor para viver, morar, trabalhar, estudar, conviver e comemorar a vida em harmonia com a natureza ao alcance de uma caminhada.

No dia 01/08/1963, inauguração do Mercado Jardim Sulacap – o primeiro mercado popular da Guanabara-, onde hoje funciona o Galpão Comunitário e a sede da AMISUL, uma representante da associação aproveitou a oportunidade e fez solicitações ao governador Carlos Lacerda para recuperar as ruas por onde passavam os ônibus, assumir o aluguel do posto policial mantido pela associação dos moradores junto com comércio local, construir um ginásio e instalar um telefone, pois só havia quatro aparelhos no bairro (Fonte: AGCRJ - Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro).

No mesmo ano, na inauguração da Escola Visconde de Porto Seguro, Lacerda disse que Jardim Sulacap era um dos bairros “mais simpáticos, mais acolhedores e progressistas do Rio de Janeiro”. Um lugar que a família pudesse “viver, morar e conviver”. 

Para ele, o Jardim Sulacap “era um ponto de referência na Guanabara de como era possível organizar a população com seus próprios recursos” e “chegar às soluções felizes” (Fonte: AGCRJ).

Nasce nos anos de 1970, a primeira ciclovia da Cidade

O Jardim ainda guarda hoje características rurais, mas não ao ponto de encontrar um grande

número de vacas no meio da Av. Alberico Diniz, como era fácil nos anos 70.

Foi em 1972 que o bairro ganhou a ciclovia. Para dar melhor passagem

aos ônibus e carros, a Avenida-Parque Alberico Diniz sofreu modificação. Assim, foi cria uma nova avenida. Aproveitando a via de acesso às casas, nasceu a 1.ª ciclovia do Estado em 1972, talvez a 1.ª do Brasil.

Hoje, ainda que faça parte do Mapa Cicloviário, a ciclovia passa despercebida, precisando de cuidado.

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O coração do bairro Jardim Sulacap, anos 60. Uma nova centralidade – modelo que passou contribuir para minimizar deslocamentos, inspirando, inclusive, outras localidades e, além disso, proporcionando qualidade de vida a seus moradores e usuários.

Movimento socioecológico “pioneiro”

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O Jardim Sulacap tem uma história a preservar. São anos de luta de seus moradores para melhorar o modelo urbano de bairro-jardim implantado pela Sulacap.

Éramos 9.561 sulacapenses nos anos 80. Em 1981, o bairro passou da situação de loteamento para a situação de bairro oficialmente reconhecido pela Prefeitura, com o Decreto n° 3.158/1981.

Visando ser intermediária entre as necessidades e anseios dos sulacapenses e os órgãos públicos, em 03 de março de 1985, foi criada a ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E AMIGOS DO JARDIM SULACAP – AMISUL.

Barulho, poluição do ar, degradação ambiental e deterioração da paisagem que deixava o bairro feio foram alguns dos motivos que levaram, em 1987, a Amisul junto com outros sulacapenses às ruas para lutar contra as pedreiras das empresas Italva e Belmonte no bairro, que afetavam a qualidade de vida, bem-estar dos locais que viviam e conviviam harmoniosamente e integrado com a natureza ao redor.

Não se pode argumentar que uma atividade como a exploração de pedreiras represente lucro, emprego, sem levar em conta os danos ambientais que acarretam. O verde também é bem-estar, é benefício  (Lúcio Lemos, diretor de meio ambiente da AMISUL, em entrevista no Jornal do Brasil, 24/11/1987).

Preservar e celebrar a vida

Éramos 9.473 sulacapenses em 1990. Com grande

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preocupação com questões que vão além dos problemas pessoais, alguns sulacapenses conscientes e sensíveis iam às ruas para preservar o meio ambiente.

Pessoas que se juntam e se movem para tornar o bairro melhor

Éramos mais de 11 mil em 2000, mais de 13 mil em 2010 e hoje se estima que somos mais de 15 mil sulacapenses. Há esforços para tornar o Jardim Sulacap melhor para morar, viver, conviver e comemorar a vida.

 

Um Jardim melhor para viver e conviver ou tudo como está agora?

A nossa história importa. Porém, o passado, ainda que importante e valioso, não é tão importante e valioso quanto a história que podemos escrever agora de forma consciente e com coração para o lugar que vivemos.

O que será será, sempre foi assim e melhor deixar como está, dizem  aqueles que creem que não adianta fazer nada.

Agora, ciente que a esperança nasce do aprendizado com o passado, a AMISUL acredita que os moradores juntos podem tornar o bairro melhor para se viver e conviver, melhorando para todos aqueles que têm o fôlego da vida.

Querendo reconhecer e aprender com o sucesso e com o fracasso, a atual gestão está disposta a deixar que as coisas novas aconteçam e assume responsabilidade. Os envolvidos têm muita coisa interessante e necessária para fazer no agora, sem ficar olhando para trás.

O que prefere?  Um lugar para viver tranquilo, verde, limpo, bonito, recreativo, seguro, resiliente a alagamentos e que produza alimentos saudáveis sem gerar danos às pessoas e tudo mais que tem o fôlego da vida; ou deixar tudo como está neste momento?

Queremos dar passos em direção a um futuro melhor. Para que tenhamos um bairro melhor para viver e conviver, NÓS SULACAPENSES DE CORPO, ALMA E ESPÍRITO temos o dia de hoje e é hoje que começa tudo que está para acontecer. A vida é bela. Vamos em frente!

 

Desafios para um futuro urbano mais sustentável e resiliente

Tornar o Jardim Sulacap melhor para as pessoas abrange várias áreas da vida. Os grandes desafios para a necessária transição a uma urbanização mais sustentável e resiliente são:

Meio ambiente

Os desafios de recuperar/revitalizar as praças e outras áreas públicas, como a Pça da Rua José Sardinha e a Pça H;

O desafio das vias Alberico Diniz e Japoré sem canteiros rebaixados e vulneráveis às chuvas fortes (ou nem tão fortes).

O desafio de recuperar a ciclovia e conectá-la à Estação do BRT Marechal Fontenelle ou Terminal, aos bairros e aos pontos de interesse dentro do bairro, promovendo o uso de bicicletas.

O desafio de reparar a rampa de acesso à Estação do BRT Marechal Fontenelle para permitir o acesso digno, seguro e confortável aos cadeirantes.

Reformar as calçadas ao redor da Estação do BRT Marechal Fontenelle e Terminal Rodoviário.

Revitalizar o calçadão do coração do bairro.

Manter a ambiência tranquila que permite as pessoas terem um estilo de vida calmo, mais saudável e gratificante.

O desafio das pessoas não jogarem lixo nas praças, inclusive durante aos eventos culturais.

 

Ocupação e uso do solo

O desafio das obras irregulares no Catonho e na área rural ao lado do Jardim da Saudade.

 

Economia comunitária

O desafio de apoiar, fortalecer e valorizar as atividades encravadas na comunidade que geram baixo impacto.

Cultivar de forma orgânica os alimentos e melhorando a biodiversidade e a paisagem do bairro, gerando trabalho e renda.

Social

O desafio de reduzir a pobreza econômica no bairro. Aqui não deixar ninguém para trás significa agir em prol dos extremamente pobres, pobres e vulneráveis, que eram mais de 2.000 sulacapeses em 2010.

O desafio de reduzir a desigualdade, que piorou de 2000 para 2010 (índice Gini de 0,45 foi 0,49 no bairro).

O desafio de aprender junto a cocriar uma cultura que reconheça a importância do equilíbrio entre trabalho e momentos de lazer, cultura e de esporte a céu aberto. Algumas pessoas estão descobrindo que participar da vida comunitária é uma forma de ter equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. O bairro tem espaços que ajudam bastante os moradores terem uma vida menos estressante e mais gratificante.

O desafio de preservar, fortalecer e valorizar a cultura local (o hábito de cuidar do meio ambiente, a festa junina, a música, a cultura do lazer e do esporte recreativo a céu aberto) e o patrimônio cultural como a Estrada Real de Santa Cruz, o Parque da Pedra Branca e a ambiência urbana sustentável (o conjunto de praças, a área verde ao redor, o traçado das ruas, a tranquilidade urbana).

Apoiar, valorizar e fortalecer os grupos que, baseados na solidariedade e em relacionamentos confiáveis, dedicados e compassivos, se esforçam para tornar o Jardim Sulacap mais leve, sustentável, resiliente e seguro.

O desafio de ter mais pessoas que saiba agir com a cabeça (com as melhores informações e evidências) e com o coração (solidário, compassivo, respeitoso) e capaz de transformar visões e ideias em realidade tangível.

 

Defesa e segurança comunitária

Para além de servir de intermediária entre as necessidades e anseios da comunidade e entidades públicas e privadas, usando o poder legítimo racional-legal, a AMISUL tem o desafio de encorajar as pessoas a tomarem decisões coletivas e encaminhar as solicitações diretamente aos órgãos públicos, bem como influenciar os órgãos públicos para apoiar as decisões da comunidade.

O desafio de buscar o direito ao meio ambiente sustentável, resiliente e seguro, para proporcionar dignidade humana, qualidade de vida e bem-estar comum.

Defender os moradores dos crimes (principalmente dos de oportunidade) e reduzir a sensação de medo, com uma segurança envolvendo a comunidade toda (igrejas, escolas, famílias, ongs, associações, empresas, cidadãos em geral) e os encarregados da preservação da ordem pública atuando junto com outros órgãos públicos ligados à promoção dos direitos sociais, ciente de que a ordem e a segurança pública estão diretamente relacionadas à garantia da dignidade humana, qualidade de vida e bem-estar comum através da satisfação de direitos sociais e individuais mínimos.

Defender os moradores de alagamentos nas Ruas José Sardinha, Vicente Neiva, Alberico Diniz, de incêndios no Morrinho da Pedra da Baleia (entre as Ruas 26 e João da Costa) e no Morro Cachambi e outras situações de riscos.

Assegurar a coerência entre os planos e a prática. Como o Plano Municipal de Saneamento Básico e a prática dos agentes de saneamento e a coerência entre o Plano Municipal de Segurança e a prática realizada pelos agentes da segurança e ordem pública.

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